20080908

Comerciantes para o matadouro!

Bom título para caracterizar o abate do tecido comercial (e do belo centro histórico) da Guarda, quando da abertura do Guarda Mal(l). Por entre as loas, espera-se algum sentido crítico.

3 comentários:

E disse...

O texto que reproduzi no Egitaniense não é da minha autoria, no entanto penso que não seja um texto propagandista limitando-se a reproduzir factos.

Mais!: o dito "abate" dos comerciantes que agora são temporariamente reinstalados no antigo matadouro poderá não ser totalmente fiel à realidade já que se tratam dos únicos comerciantes da Cidade da Guarda que ficarão protegidos já que o mercado Municipal passará a funcionar num dos pisos do Guarda Mall.

Não se pretende contudo escamotear o efeito que terão estas grandes superfícies nos outros comerciantes que não terão a mesma sorte ...

Não será inócua a concorrência do Vivaci, Guarda Mall, In Guarda e da Rua Comercial da Avenida de S. Miguel nos Comércios tradicionais.

No entanto o efeito geral será positivo, basta olhar para a cidade com mais Comercio per capita em Portugal: Braga.
Em Braga o excesso de concorrência atraiu clientes de zonas mais distantes, inclusivamente galegos que fazem incursões de fim-de-semana, por outro lado os comércios das zonas periféricas também tentam deslocalizar-se para lá já que os seus clientes fazem as suas compras apenas em Braga...

Quanto aos preços a verdade é que Braga tem os estabelecimentos com Preços mais baixos em Portugal.

G* disse...

Egitaniense,

Estes processos de concentração económica são paradoxais e contraditórios: por um lado pressupõem-se vantagens das grandes superfícies para o consumidor; por outro teme-se a asfixia do tecido comercial da cidade histórica.

Espero que na Guarda não suceda o mesmo que aconteceu na Covilhã, em que o comércio no Pelourinho se resume praticamente às rústicas feiras de "artesanato". Só no ano passado fecharam mais de 30 lojas.

Entre outras razões, pela necessidade de manter vivos os centros históricos das cidades, noutros países, as grandes superfícies localizam-se fora das áreas habitadas, onde o acesso automóvel é mais fácil e o transtorno para os moradores menor.

Anónimo disse...

A cidade de Braga possui uma atractividade, nomeadamente ao nível do turismo cultural e religioso, que atrai um considerável número de turistas (potenciais consumidores), constituindo uma realidade que não pode ser comparada com nenhuma cidade da Beira Interior.

Acresce que até há bem pouco tempo, para além de um conjunto de decrépitos centros comerciais construídos nos anos 80, a cidade de Braga não tinha nenhum grande centro comercial de grandes dimensões, mas apenas as galerias comerciais do "Carrefour" (entretanto comprado pelo "Continente") e o "Braga Parque" (que antes das recentes e presente remodelação, era um centro comercial de pequena dimensão para a cidade em questão).
Situação bem diferente de Coimbra, cidade com igual dimensão, que possui um "Coimbrashopping", um "Dolce Vita" e um "Fórum".

Acresce que Braga tem um fortíssimo comércio de rua, alimentado em grande parte por lojas que funcionam como "Âncoras" (Zara, Pull & Bear, Springfield, Mango, Salsa, etc.), atraindo pessoas ao centro da cidade e fazendo movimentar todas as lojas em seu redor.

Veremos se o comércio tradicional de Braga terá no futuro o mesmo peso quando abrirem os grandes centros comercias em construção e quando muitas destas lojas âncora se deslocarizarem do centro da cidade para estes espaços.

A situção da Guarda, apesar de algumas eventuais vantagens urbanísticas para a cidade (recuperação da avenida dos bombeiros, demolição dos mamarrachos da central de camionagem e mercado municipal), poderá ter também algumas evidentes vantagens para os consumidores locais. No entanto, parece-me que a abertura simultânea de dois grandes espaços comerciais, terá um efeito nefasto e devastador na maioria do comércio tradicional, dada a dimensão da cidade e a incapacidade do comércio se adaptar às novas realidades de consumo.

Por outro lado, acresce o despovoamento do centro das cidades e acumulação da população na periferia das mesmas,problema comum a todas as urbes portuguesas, que também contribui para o lento definhar das lojas tradicionais.

Sinal dos tempo...

Pedro Santos