20090213
Fantasia 06 - Aeroporto e Aviões
Em preparativos para o Entrudo, o Grémio* desmascara outro sonho edílico: inaugurar o aeroporto internacional da Covilhã, infra-estrutura que permitiria alegadamente "viajar para a Península Ibérica e estrangeiro" (sic), como figura no site da Câmara, associada a uma fábrica de aviões.
Na apresentação do projecto, em 2001, Carlos Pinto assumiu estarmos "perante um grande projecto, não só de dimensão regional, mas nacional e até comunitária. Espera-se que a Covilhã possa dar um imenso salto na competitividade"... área de 200 hectares, pista de dois quilómetros de comprimento... hangares... hotel e uma área residencial de forma a apoiar os voos charter e privados, transitários... ampliação do Aerogare, de voos circulares, edifício de aulas para Engenharia Aeronáutica, serviços de abastecimento, edifício de controlo da meteorologia, edifício de bombeiros para a implementação de um Centro Operativo de Apoio ao Combate a Incêndios e a eventuais acidentes, heliestação/heliporto para transporte de sinistrados para o Hospital e uma torre de controlo... A pista actual manter-se-á e fica reservada a actividades lúdicas, tais como planadores, pára-quedismo, ultraleves, voo de circulação, entre outras."
Apesar dos muitos equívocos que rodearam este sonho, como a associação e cedência de terrenos ao príncipe da Transilvânia, a promessa foi (aparentemente, como quase sempre) retomada nas Grandes Opções do Plano da Câmara. Noutro post, questionámos precisamente se não será desperdício, em época de crise, havendo tanto para fazer na cidade, com e para as pessoas, pensar em aeroportos. Se é lícito avançar para a compra de terrenos, como anunciou Carlos Pinto, sem que sejam divulgados os pareceres favoráveis das entidades que tutelam a aeronáutica em Portugal, os estudos de impacte ambiental..., e sem uma discussão pública aprofundada de tal "prioridade". Questionámos até a opinião dos partidos com assento na assembleia municipal da Covilhã sobre estas opções visionárias. Mas estes, ocupados com lides domésticas, pouco ou nada dizem.
Agora, oito anos volvidos, já se estranhava que Carlos Pinto não aproveitasse a desculpa da crise para colocar algumas promessas em stand-by. Diz o NC: "Aviões da Covilhã num impasse. Crise afecta investimento. A tão falada empresa de aviões para a Covilhã, parceira da Universidade da Beira Interior, encontra-se com dificuldades de negociação. Esperava-se que as primeiras aeronaves pudessem ser entregues aos clientes no Verão deste ano, apontando-se ainda para a produção de cerca de 250 aviões por ano, de três tipologias diferentes, a partir do ano de 2014, com um volume de negócios a rondar os 32 milhões de euros. Mas a crise veio alterar os planos previstos pela empresa Aleia, que escolheu a Covilhã para instalar uma linha de montagem de aeronaves certificadas. “As últimas informações que tenho é que de facto havia dificuldades de negociação e finalização com a Caixa Geral de Depósitos, que seria o parceiro financeiro”, refere Carlos Pinto."
- A si, caro leitor, não lhe parece que a desculpa da crise, depois do que foi gasto em projectos (1, 2) de necessidade duvidosa e de se começar a construir nas imediações do actual aeródromo é escassa? Parece-lhe ter havido benefício para a Covilhã de tais decisões? Parecem-lhe aceitáveis as despesas já feitas? A quem aproveitou verdadeiramente a ideia de desactivar um aeródromo para construir outro? - Já que pagamos a fábula, ao menos choremos-lhe o entrudo a "bandeiras despregadas".
Temas:
CM Covilhã
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3 comentários:
Aqui está uma notícia que pode ajudar a entender o que se passa com alguns grandes investimentos deste tipo, e mais não digo.
Dei-me ao trabalho de ir ler um dos links para que remete o post.
Diz a SIC que o ante-projecto custou 514 mil euros!!! e que a câmara o adjudicou sem garantir previamente a aprovação do Ministério do Ambiente ou do INAC.
Se isto não é irresponsabilidade, é o quê?
514 mil euros por um simples "estudo"? Para nada?
Agora como é ka gente toma o avião ka casa lá no meio do aeroporto?
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