20080606

"Boa nova" autárquica

"A resposta acintosa do grp da câmara da Covilhã a uma crónica [abaixo] publicada no jornal O Interior da passada semana, serviu-nos de pretexto para desembrulhar alguma prosápia acerca do boletim municipal de 2006, vulgo "Boa nova", o único que folheámos com atenção até hoje. Indiferente às épocas, e ao folclore circunstancial, o boletim municipal da CMC, entra em casa dos condóminos como uma narrativa épica. Caracteriza-se pela “Boa nova” aos basbaques, pelo tom laudatório e função mimética do discurso oficial. Uma pérola do impressionismo camarário a percorrer espaços oniricos em torno d’uma Divindade, o sô pinto, estampado em papel “couché”, aproximadamente 56 vezes (se não nos enganámos a contar). Registe-se, no entanto, a neutralidade efectiva do Homem, pois aqui não se vislumbram protagonismos, mas sim traços de solidariedade e consciência social. Um altruísmo comovente à conta dos contribuintes indígenas (...) que falava de coisas, mas principalmente, da obra-feita, e paga pelos impostos dos paroquianos. Surpreendia pelas realizações temporais, espraiadas no passado e no presente, onde a noção de tempo assumia uma dimensão relativa, por isso a ordem cronológica dos eventos era arbitrária. Em muitos casos, ficava a sensação de dejá vu, e das inaugurações em duplicado. Os cromos secundários e os caciques locais, perfilavam-se em jeito de trolls, ou figurantes episódicos, distribuídos pelo boletim num colorido Kitsch, e em grotescos salamaleques para fazerem o frete ao patrono. Tudo em prol do bem-estar das populações." Carpinteira, 5 de Junho de 2008

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