O terceiro nomeado ao Prémio RV (1, 2) é José Geraldes, pela verve ficcional: "a Covilhã está a entrar no conceito das “cidades criativas” [!] (...) que consiste na teoria dos três T : tecnologia, talento e tolerância [?] como chave do desenvolvimento económico (...) “As classes criativas ...querem viver em locais onde podem reflectir e reforçar a sua identidade enquanto pessoas criativas. Não querem ser actores passivos no local onde habitam. [!] Querem gozar a cultura de rua [?], mistura de cafés e pequenas galerias [?], onde não se traça a linha divisória entre participante e observador (...) A Covilhã , como cidade média do Interior, mostra já capacidade de resposta aos critérios das cidades criativas para atrair os talentos e fixar pessoas."
_
Pensará JG nesta mesma Covilhã, onde se tenta domesticar quase tudo, desde a produção e oferta cultural à concorrência empresarial e à pluralidade de opinião, em particular a publicada? A que espécie de tolerância se referirá? Perante o abuso de poder? Estará JG a pensar na tolerância caridosa para com os que pensam e agem de modo alternativo? Na tolerância para com o crime ambiental e urbanístico? Na tolerância para com a perseguição ou asfixia de pessoas e organizações por motivos políticos? Na tolerância para com a diferença, seja ela de que cariz for, desde que não nos bata à porta? - Poder-se-á aplicar com propriedade o conceito de cidade criativa à Covilhã, à luz daqueles três parâmetros? Não estará JG a extrapolar indevidamente o conceito ou a confundir um desejo com uma realidade? Não estará, enfim, a confundir tolerância com apatia ou, mais grave, resignação? - Numa coisa o Grémio* pode concordar com o nomeado: sem diversidade não há desenvolvimento humano e, sem este, falha o desenvolvimento económico, no município e no país. Por muito que doa a certos arautos, é precisamente aí que falha o discurso triunfalista.
20081027
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
A gastarem desta maneira, que razão assiste a estas associações de "desenvolvimento" para reivindicarem mais fundos?
Enviar um comentário